Do que estudei sobre a crónica, gostaria de destacar a sua natureza híbrida e fascinante. Este género literário situa-se na fronteira entre o jornalismo e a literatura, capturando o instantâneo do quotidiano e conferindo-lhe uma profundidade atemporal.
A sua força reside na aparente simplicidade: parte de um facto comum, uma observação do dia a dia, e transforma-o numa reflexão profunda sobre a condição humana, usando uma linguagem acessível mas cuidadosamente trabalhada. O cronista, com o seu olhar singular, actua como um flâneur( observador urbano) que percorre a cidade e extrai poesia do trivial. A mestria está em equilibrar o comentário ligeiro e irónico com o lirismo mais sensível, criando um texto que é, simultaneamente, um retrato do seu tempo e uma peça de arte com ressonância universal. É essa capacidade de eternizar o efémero que torna a crónica tão singular e poderosa.