O primeiro semestre chegou como chegam as mudanças verdadeiras: sem pedir licença. Entrou porta adentro, com sapatos molhados e uma pasta cheia de desafios. Eu, ainda meio sonolenta, fui percebendo aos poucos que aquela não era apenas mais uma fase da vida era um recomeço, um campo desconhecido onde eu teria que aprender a andar de novo.
Tudo parecia maior do que eu. As palavras, os conceitos, até o próprio silêncio da sala de aula. Era como se eu tivesse sido lançada num país de língua parecida com a minha, mas onde eu não compreendia totalmente os sinais. Aos poucos, porém, fui decifrando o mapa.
Entre todas as lições, uma brilhou mais forte: a diferença entre verbos e advérbios. Antes, eu via os dois como sombras que se confundiam. Agora, consigo reconhecê-los como figuras únicas no palco da gramática. Foi como aprender a distinguir duas vozes que, até então, pareciam uma só. Também consegui ajustar o verbo poder, que usava desajeitadamente, como quem tenta calçar um sapato no pé errado. E a palavra género, que tanto me provocava com seu acento circunflexo ausente, finalmente cedeu e passou a morar de forma correta nos meus textos.
Mas nem tudo se esclareceu. Continuo a tropeçar nas palavras graves e agudas não acentuadas, que são como pegadas na areia: às vezes visíveis, às vezes engolidas pelo mar da dúvida. Mesmo com a técnica do “cantar ”, a confusão permanece. Talvez porque certas aprendizagens precisem de mais tempo, mais paciência.
Outro vento que soprou forte foi o dos testes online no VULA. Pareciam simples à primeira vista, mas exigiam atenção dobrada e nervos firmes. Entre o relógio que corria, as perguntas inesperadas e a pressão de acertar, muitas vezes senti como se estivesse a caminhar numa corda bamba digital. Mas cada teste superado foi uma vela içada nesse barco em movimento.
Mais com tudo foi muito bom aprendi muito mais as coisas que eu pensava que sabia vi que realmente não sabia nada.