Fórum obrigatório - Crónica

Crónica

Crónica

por Aquiles Jeremias Marcos Nhapulo -
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Ao estudar a crónica, percebi que ela oferece uma liberdade criativa única, permitindo transformar situações do cotidiano em textos envolventes e reflexivos. A crónica exige sensibilidade e atenção na observação do mundo, valorizando a originalidade na escrita. Compreendi que esse gênero vai além de relatar acontecimentos: é uma forma de expressar ideias, sentimentos e reflexões de maneira livre, profunda e significativa, aproximando literatura e jornalismo.

Falando em crónica eis um exemplo: 

A Arte de Reprovar com Estilo

Reprovou.

Nem foi surpresa para ele, pelo menos. Para a mãe, sim. Para a professora, talvez. Mas para ele? Não. Ele já desconfiava desde o segundo mês de aulas, quando começou a trocar Costa, M. e Rothes por soldadura, Vula por greves internas e configuração gráfica por limalhas.

Português II prometia ser uma continuação do que ele já sabia. Só que mal lembrava da versão anterior. E as orações subordinadas, essas criaturas misteriosas, continuavam a persegui-lo como fantasmas que exigem ponto e vírgula com exatidão cirúrgica.

Fez o último teste com a mesma esperança de quem joga aviator. Inventou uma interpretação para uma notícia que, segundo ele, era sobre amor, mas que a professora insistia ser sobre reconhecimento da Palestina como um Estado.

Quando viu o 8 na pauta, não sentiu tristeza. Sentiu uma espécie de alívio filosófico. Afinal, não era 5. E o 8 um número visualmente bonito, simétrico. “Falhei com elegância”, pensou. E foi tomar uma cerveja como quem celebra um fracasso merecido.

Gostava de palavras. Só não gostava muito quando elas vinham com termos técnicos, regências verbais e exigências de análise lógica. Preferia as palavras soltas, aquelas que dançavam em letras de música ou em textos que ninguém mandava escrever. Talvez ele não fosse bom aluno de Português II. Mas talvez fosse um cronista em construção — desses que entendem que, às vezes, a vida não se analisa. Se escreve.